quinta-feira, 19 de junho de 2014

Banhos I

Lugar aonde a iniciação, quase sempre individual, se realizou, a maior parte de nós se masturbou, primeira vez, inesquecível a primeira sensação de vazio na alma, de esquecimento e de ausência do corpo, a concentração repentina sentida na buceta, o arrepio inesperado e prazeroso, a impressão e o desejo de que não tivesse fim, o esgotamento final a respiração ofegante, os dedos melados, levemente, o cheiro, o gosto, para mim inevitável prova-lo, desde então viciante, a masturbação secreta, escondida, diante do espelho, a excitação do próprio corpo, as carícias nas partes que ganham vida, que se elevam como santidade a um altar de sacrifício, a intensa religiosidade, o culto de si mesma, a alegria pessoal do momento em que o corpo se eleva mais que a alma e se derrama em fluídos santificados por poderes pecaminosos, o gosto da transgressão, o prazer do proibido criado por nossas próprias mentes, e por ninguém mais, superar-se sozinha, plena de individualidade, sentir-se capaz de provocar a si mesma, de satisfazer a si mesma, de bastar-se como uma diaba, como uma vampira, como uma licantropa, entrar num banheiro e sentir ser seu o privilégio da masturbada, planejá-la, imaginá-la e, finalmente, na hora certa e oportuna, satisfazer suas taras, tentar as ejaculadas, ousar os esguichos, usar a buceta a vontade, gozar como deve fazer uma mulher viciada, enamorada e apaixonada por si mesma.

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