terça-feira, 11 de setembro de 2012

Perversão V


Mijada generosa, a mão em concha recolhe, enche-se, repleta, ato final de contrição de uma fêmea completa que se locupleta de si mesma, cerimonial anárquico, beberei eu mesma de meu corpo, não do meu copo, mas de minha taça, visão simbólica de uma buceta, do Graal, escandaliza algumas, assusta outros, os que experimentam se viciam, os que se viciam sobrevivem, os que sobrevivem perpetuam uma espécie secreta, a todos eles eu sevicio, aqueles que vivem de si e para si, mulheres que se bastam, que se autocontrolam, que se dominam, e assim aprendem a dominar os outros, a instruí-los nas artes dos corpos livres, das mentes criativas, dos enlaces em si mesmas, das sensibilidades a flor de uma pele que sinto pura seda, toque múltiplo que realizo em mim mesma, dois dedos inteligentes, cu e buceta que se excitam sobremaneira ao mesmo tempo, mijada que se concentra, o que consigo conter nas mãos, represada urina que conduzo para perto do meu nariz, sinto agora minha fragrância indecente, meu cheiro de libido, acre, perfume seco e duro, corporal, que aspiro, inebriada de mim mesma, satisfeita com meu despudor, sinto-me liberta, sem vergonha, vagabunda e puta rameira, como gostam os machos de chamar a mulher que fodem em segredo, longe de tudo, até de si mesmos, a eles dedico uma mijada, a eles, putos e segredantes, degredados do amor, e da paixão, escravos dos meus caprichos, servos dos meus desejos, ansiando por maus tratos, faço agora aquilo que muitos gostam que eu faça neles, com a diferença da vontade própria, levo as mãos à minha boca, estico a língua, provo meu mijo, lambo, engulo, delicio-me, bebo, sorvo um longo gole, sinto o gosto ácido, deixo-o na boca alguns segundos, aprecio o paladar, engulo, tudo, me desce pela garganta, regurgita e entra de volta em mim mesma aquilo que produzi, ciclo eterno de vida e de prazer que se reproduz agora por mim, quando ímpia e despudorada bebo meu mijo, e enquanto escorre-me um pouco pela boca, gargarejo como uma ave rouca, como abutre fêmea que carcareja, que olha para si mesma, de si mesma extrai prazer, símbolo da altivez, característica das fêmeas livres, que voam pelos céus do pecado, nadam nos mares da indecência e caminham nuas e provocantes pelas terras voluptuosas do prazer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário