Uma mijada contínua, movimentos espasmódicos, esvazio a
bexiga, sensação deliciosa, a barriga que se contrai e expulsa o final, a mão
que se aproxima e recolhe o estertor da mijada, sente entre os dedos o líquido
ainda quente, manipula, esfrega, como se sentisse a sua espessura inexistente,
sua viscosidade que não há, como se sua acidez fosse palpável, tudo fruto
de uma mente que não mente, que confessa
ser desvairada, que admite a insanidade e que se compraz nisso, os dedos que se
esfregam, o polegar no indicador, até que a urina seque entre eles, recolho o
que ainda resta na buceta, levo próximo ao nariz, sinto o odor, inebriante,
perfume produzido dentro de mim, nas entranhas, nada mais bruto, nada mais
forte, seco, ácido, árido, sem concessões, uma fragrância sem perdão, uma culpa
que tudo justifica, uma transgressão inadmissível e por isso mesmo desejada,
feita e gozada, levada até as últimas consequência, pinga ainda a buceta o
final da mijada incontrolada, derrama-se no chão, espalha-se, corre, gotas e
pequenas poças que se isolam, fervilham em breves instantes, fugazes rebeliões,
pequenas espumas discretas, contrapontos felizes a um dia a dia monótono,
transformar um ato elementar, mijar, numa sequência de atos libidinosos, numa
fonte de excitação numa atitude de prazer, físico, mental, estético formal,
mijo em pé na frente de um espelho, admiro-me em meu pleno potencial de
grandeza animal, longe dos pudores, dos falsos moralismos, livre e indecente,
indecorosa, antiburguesa, anárquica, libertária, transformando meu mijo e
minhas palavras em arma de revolta, em luta por mim mesma, pela minha sanidade
espiritual, sentindo entre as mãos, nas superfície dos meus dedos, a umidade
criativa que sai de dentro de mim
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