terça-feira, 4 de setembro de 2012

Perversão III


Uma mijada contínua, movimentos espasmódicos, esvazio a bexiga, sensação deliciosa, a barriga que se contrai e expulsa o final, a mão que se aproxima e recolhe o estertor da mijada, sente entre os dedos o líquido ainda quente, manipula, esfrega, como se sentisse a sua espessura inexistente, sua viscosidade que não há, como se sua acidez fosse palpável, tudo fruto de  uma mente que não mente, que confessa ser desvairada, que admite a insanidade e que se compraz nisso, os dedos que se esfregam, o polegar no indicador, até que a urina seque entre eles, recolho o que ainda resta na buceta, levo próximo ao nariz, sinto o odor, inebriante, perfume produzido dentro de mim, nas entranhas, nada mais bruto, nada mais forte, seco, ácido, árido, sem concessões, uma fragrância sem perdão, uma culpa que tudo justifica, uma transgressão inadmissível e por isso mesmo desejada, feita e gozada, levada até as últimas consequência, pinga ainda a buceta o final da mijada incontrolada, derrama-se no chão, espalha-se, corre, gotas e pequenas poças que se isolam, fervilham em breves instantes, fugazes rebeliões, pequenas espumas discretas, contrapontos felizes a um dia a dia monótono, transformar um ato elementar, mijar, numa sequência de atos libidinosos, numa fonte de excitação numa atitude de prazer, físico, mental, estético formal, mijo em pé na frente de um espelho, admiro-me em meu pleno potencial de grandeza animal, longe dos pudores, dos falsos moralismos, livre e indecente, indecorosa, antiburguesa, anárquica, libertária, transformando meu mijo e minhas palavras em arma de revolta, em luta por mim mesma, pela minha sanidade espiritual, sentindo entre as mãos, nas superfície dos meus dedos, a umidade criativa que sai de dentro de mim

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