Novos prazeres velhos, vontade sempre esperada da inversão
normativa, fêmea outra vez, devassa e corpórea, inaudito desejo de submissão,
arte que domino, técnica em que sou perfeita, ambiguidades cultivadas, frêmitos
internos, sentindo o sangue macho pulsar no corpo de mulher, a mente feminina
apossar-se das ideias machas, dedos meus que percorrem meu próprio corpo, meu
corpo que se excita a cada contato indecente, penso como burguesa, violento a
mim mesma e assim me torno o ser que sou, despudorada e tarada em amplos
territórios pecaminosos, meu estúdio, minha oficina de pecados, meu palácio de
torturas, de dores e angústias, prazeres que uma Domme, uma Rainha das sombras
das mentes secretas, cultua e cultiva no corpo de seus súditos, quando empunha
um caralho, quando o conduz certeiro à buceta molhada, quando pega na entrada do
cu que se abre à dor dos prazeres, quando arregaça e expõe a glande a lambidas
extraordinárias, a linguadas poderosas, chupadas totais, embocadas fatais, quando aceita
sublimemente a ejaculada brava e intrépida que se derrama para fora de sua
boca, ou escorre pelo seu rego, ou percorre sua virilha, escoando de dentro de
buceta pressurosa, gemidos transversos, brados em terrível ângulo reto,
impossibilidades reais, coisas que só acontecem em mentes desvirtuadas,
preparadas pela indecência e pela insanidade para os gozos mais agudos, como a
música que se quebra e se parte contra vidros invisíveis, que resistem a
qualquer lógica, mas que não resistem às masturbações, às mútuas chupadas, às
orgias tratadas a chicotadas, às torturas aplicadas em mamilos eriçados e em
bucetas arreganhadas, nem nas bocas forçadas por caralhos duros e peremptórios,
que se impõem e se sobrepõem a todas delícias secundárias quando entram,
violentos, neste corpo de fêmea, quando trespassam a um só tempo todos os
pontos abertos, criados e deixados pela Natureza para mútuo preenchimento.
Sua Alteza e Rainha Suprema de todos os submissos.
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