sábado, 17 de março de 2012

Cenas do Boudoir III


A bunda sonhada da Rainha imaginada, as nádegas redondas, medida certa, nada para tirar, nada a acrescentar, formada em moldes rigorosos, clássicos e bem medidos, trabalhados a cada dia, flexões, musculações, visualidades puras definidas em critérios e juízos, previamente pensados, sem lugar para improvisos, uma bunda magnífica, exibida sempre que possível, delicio-me com ela, quantas vezes não sonhei, quantas vezes no espelho a contemplei, jogo duplo, um espelho contra o outro, inversão da reversão, me excitei a mim mesma desejei, minha curvas explorei, senti-as delineadas, projeto perfeccionista, narcisista e delicado, mas forte e bem temperado, meu rego exposto, meus pelos visíveis, meu cu no meio, perfeito, desenhado e enquadrado no mais puro artifício, teorema racional para o desejo passional, ambigüidade eterna na qual me movimento o tempo todo, vida secreta e discreta, práticas íntimas alucinadas, viciantes e pecaminosas, pervertidas e demoníacas, pactos infernais, começo a sentir a necessidade de gozar, a vontade de me perder, em mim mesma me consumir, sinto meus dedos solertes, espertos instrumentos do prazer, percorrem meu corpo com vida própria, passeiam pelos meus pelos, os cacheiam, produzem pequenos volumes sensuais, tato delicado que sente nos dedos a leve aspereza dessas pequenas manobras manuais, desses pequenos artifícios de excitação, delicados momentos que posso perpetuar pois de mim mesma, do meu corpo e de suas partes, pareço nunca me cansar, sempre nele vou descobrir novos habitáculos de ninfomania, novos ângulos de narcisismo, sempre me admirando, condição única e primordial para me proclamar a Rainha de todos, a fêmea de todo fodedor a fodedora de todos os inversores, a comedora das bucetas oferecidas a fodida de todas as ativas, a cadela dos machos pervertidos. No boudoir me olho, nele me entretenho, olho para seus espelhos, inúmeros, olho minhas imagens, inúmeras como eles, reflexos reversos, enquadramentos sem fim, infinitas imagens de mim, cada qual mostrando a minha perfeição, a minha paixão por meu corpo, o meu tesão permanente, a minha voracidade, a minha ferocidade, a minha angústia e a minha ansiedade por aquilo que ainda não fiz, pelo que não experimentei, louca mente que loucamente planeja e pensa a mente e o pensamento, inventa e reinventa, tenta a ação da tentação, tenta usar a mente que mente como a verdade que a invade, como a buceta que arde, como o cu que se excita, a boca que se abre, a respiração que se acelera, a língua que se projeta boca afora, delineia suspeitosa os lábios dos desejos, como o dedo insinuante que entra e procura o ponto certo, fricciona e me leva ao orgasmo, gozo em meio a sussurros, silêncio para mim mesma, gemidos abafados, carícias nos cabelos, olhos turvados, semicerrados, imagens que perpassam um cérebro visionário, imaginário, não sei o que vejo, não sei o que sinto, mas percebo os fluídos que me invadem qual onda de mar revolto que sobe pela frente de minha buceta, regurgita na areia grossa de uma praia melada, e volta ao meu dedo, real e sensível, levo-o a minha boca, provo de mim mesma, tudo que de mim procede me agrada e lambo, despudoradamente, o que saiu de minha buceta.

Um comentário:

  1. Estou de volta minha Rainha, desta vez nao por motivos bons, e sim porque cometi um erro grave. Sei que foi um erro e ja aprendi a lição. Este erro está tatuado na minha mente, e ficará pra sempre como um lembrete do que nunca fazer. Estou aprendendo e me esforçando, agradeço pela sua piedade e quero lhe garantir que nunca mais se repitirá.
    Você é a rainha mais bela, justa e cheia de inteligencia de todo o mundo!

    Com devoção do Leandro, sua eterna putinha.

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