sexta-feira, 4 de novembro de 2011

No puteiro outra vez

Retorno, só, livre e desimpedida, sem Nica, descompromissada com aprendizados, vontade pura e límpida de exibicionismo explícito, junto às vagabundas que amo, às vadias que aprecio, companheiras mentalistas, imaginistas vorazes, comedoras de machos, respeitosas. Quero meu corpo livre, para mim mesma, quero minha sexualidade aberta, como uma buceta em flor, um botão anal em furor, uma boca ávida entreaberta, pedindo para chupar, quero a liberdade de um corpo ofertado, quero a angústia que antecede uma foda, quero a sensação de corpo em ebulição. Sinto o frescor da brisa portuária, o calor de navios que não aportam mais, a voz de marinheiros ausentes, sinto a presença de seus corpos, de seus caralhos latentes, de seus braços potentes, ser segura pela cintura, sentir a mão pesada na  bunda, ser avaliada, experimentada, negociada. Preços diferentes, punheta, chupada, foda com cu ou sem cu. Olhar nos olhos, sentir no outro o descaso, por vezes temores, outras tantas, aqui ou em Tanger, Argel, Marseille ou Copenhagen, sou sempre a mesma, a puta que espera, espreita o macho, dele se aproveita, perigosa, tiro dele o dinheiro, levo-o ao paraíso de uma cama dura de puteiro vagabundo, sequer um lençol, colchão gasto, almofadas que suportam corpos e não cabeças descansadas, apoios necessários a uma exposição de traseiro, contrapontos a um corpo forte que meneia atrás do meu, abre caminho por mim adentro, transfixia, penetra endurecido, habituado ao anonimato de ambos os lados, bocas inexperientes de jovens que por vezes  procuram a minha, nego, refugo, putas não beijam assim, forçada aceito, em princípio, e no meio do processo, interrompo, paro, ordeno, cuspo fora o beijo inexistente, marco a posição, frágil e soberana, determino os limites, estabeleço territórios, sou a dona da ação, a geografia da foda é meu campo de exclusão, eu mando, puta, eu reino e é para isso que venho ao puteiro. Supremo paradoxo, o beijo refugado na boca é seguido de técnica perfeita, aprendida com Luciana, aplicada nos que a merecem, em alguns que escolhemos, e com a mesma boca conspurcada pelo beijo renegado, coloco, habilmente, a camisinha no pau duro, poucas sabem fazê-lo, apenas as putas o admitem, apenas elas com isso se divertem, prêmio dado não àqueles que amamos, pois com eles não a usamos, mas aos que olhamos com alguma candura, com o que resta de simpatia em uma puta pelas pessoas que a fodem, que nela afogam seus problemas, suas taras e suas mágoas. Agora a entrega ao pau duro que penetra, às mãos que seguram as pernas, direto nos tornozelos, erguem-nas, é assim que gosto, mal sabe esse vadio, mas não o demonstro, faço-me segura, profissional, emoção nenhuma, mas sinto gostoso o que me adentra e desliza sorrateiro, lubrificado, bruto de repente, se instala por instantes na buceta, sai e entra, entra e sai, nenhuma preocupação comigo, retribuo a sonora indiferença com a ausência de meus sons, sequer gemidos emito, ouço apenas os ruídos úmidos, socados na buceta, indecorosos, solertes, espertos e putos, ares por vezes comprimidos, soam por vezes como peidos indecentes, sinto o peso que se acentua sobre mim, percebo o caralho a latejar, ouço o acelerado respirar, grunhidos indecifráveis, espasmo final e estocada aguda, paralisia momentânea, gemido gutural, sei que ejacula e nada sinto, gozo, solidária na buceta, solitária na mente, sinto-me então a puta dominante, demente, do corpo ao lado  tremente, apenas isso, que agora respira arfante, de poses e preocupações despojado, levanto-me dou por encerrada a foda, com um olhar ordeno que saia, e agora recebo um olhar, mistura de simpatia e agradecimento, cara de cachorro magro querendo mais, não terá, insinua-se, afasto-o e digo apenas, custa mais se mais quiser, sua hora terminou e diante da tradicional e idiótica pergunta, se foi bom para mim também, com cara de cretina, olhando para o lado ou através e além desse macho ignaro e questionante, digo como uma ignorante: foi meu amor. Sinto-me puta e volto para a porta, para a calçada, agradável e saudável trottoir, sinto a noite sobre mim e, outra vez, o frescor da brisa portuária. Luciana me olha e sorri, cúmplice, nos compreendemos e nos amamos, a nosso modo. Ela se exibe, isso me excita, ela sabe e me provoca, quero fodê-la, sem amor, tesão.

3 comentários:

  1. UAU!!

    Olha, eu li tuas palavras indecentes e excitantes, sem parar para respirar...

    Deu-me tesão, vontade de encontrar-me nua e despudorada numa cama, sendo pega pela cintura e fodida, agora mesmo neste momento, exatamente como descrevestes em tua história...

    Ai, ai, hoje será uma sexta feira interminável, rsrs, e meu DONO nem perto estará...

    ;-)

    Beijos carinhosos,

    ÍsisdoJUN

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  2. Que texto animal cara... Bruto, sem lapidação, maçante, denso, grande e envolvente. Fenomenal.

    Melhor que muito escritor aí de renome.

    Beijos do Conde.

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  3. estou fascinado com o blog, e embora nao visse seus pesinhos vou kere muito ser escravizado por si.

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